Conversa franca sobre sexo

Conversa franca: Por que as mulheres não aproveitam o sexo como os homens?

Orgasmos reais e o prazer que transcende: como as mulheres podem reacender o desejo

Já começamos o post com uma pergunta chave: O que é possível fazer para que mais mulheres alcancem o prazer sexual?

Essa é uma das questões centrais de The Pleasure Gap: American Women and Unfinished Sexual Revolution (A lacuna do prazer: mulheres americanas e a revolução sexual inacabada), um livro publicado este mês pela pesquisadora e jornalista especializada em saúde pública Katherine Rowland.

Rowland busca entender por que as mulheres americanas não estão felizes com suas vidas sexuais – e o que elas podem fazer sobre isso. Um estudo publicado em 1999 descobriu que mais de 40% das mulheres pesquisadas já relataram uma disfunção sexual. Um fator decisivo, de acordo com os pesquisadores, são os efeitos psicológicos gerados por traumas sexuais.

O livro The Pleasure Gap destaca a conexão entre o desejo e a mente feminina: “O prazer é indissociável do nosso status social, comprimido e restringido por fatores financeiros, por fatores de segurança, por objetificação”, diz a autora. “Precisamos remover essas barreiras para experimentar o sexo com a total liberdade, expressão, alcance e verdade com que somos dotadas”.

 

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Apesar dos números negativos, é possível que as mulheres assumam o controle e reacendam sua libido. Veja algumas perguntas sobre isso:

 

Qual a “quantidade” ideal de sexo?

Essa obsessão pela frequência sexual, quantidade de parceiros e noites dedicadas ao sexo ofuscam um fator fundamental: a qualidade do sexo. Não há volume/quantidade de sexo que seja mais ou menos bom.

Por alguma razão ainda não muito clara, alguns pesquisadores adotaram a ideia de que uma vida sexual saudável inclui fazer sexo uma vez por semana, manter o relacionamento e cuidar da saúde.

Mas nenhuma dessas pesquisas analisa como os participantes realmente se sentem sobre o sexo em questão.

 

O que motiva os orgasmos falsos?

Para muitas mulheres, à medida que o relacionamento envelhece o sexo se torna uma tarefa a ser comprida, o que as faz aceita-lo apenas para que acabe logo. – Isso é extremamente triste e desalentador. Mas no dia-a-dia, a questão não é lavada tão a sério.

Seja na TV ou numa conversa com os amigos, o orgasmo fake é um assunto cômico e inspira muitas piadas.  Quando o assunto é abordado de uma maneira mais séria, na maioria das vezes, acaba por retratar a perspectiva masculina do ato, como se fosse as mulheres devessem ser repreendidas por mentirem para eles.

Ou seja, a “culpa” pela ausência do prazer feminino recai sobre a mulher, assim como a “culpa” por não se sentir à vontade e ter que fingir.

Acredito que a forma ideal de enxergar essa situação seria:

O que pode incomodar tanto a ponto de que fingir um orgasmo seja a solução?

Em muitos casos o problema pode envolver questões religiosas, sociais e até amorosas. Muitas mulheres, por exemplo, não se sentem seguras em compartilhar seus medos ou suas vontades com o parceiro. E isso, de preferência, deve ser trabalhado pelo casal em conjunto com um terapeuta.

 

Por que algumas mulheres sentem pouco desejo por sexo?

Cada mulher é única, assim como suas razões para desejar mais ou menos sexo. Mas na maioria das vezes, o baixo desejo sexual está fortemente associado a ideia de que sexo se resume a penetração.

Mulheres que relatam baixos níveis de interesse sexual se mostram incomodadas com a ausência de outras carícias e com a dificuldade de chegar ao orgasmo apenas pela penetração. O ideal, é pensar no sexo como um universo mais amplo de intimidade.

Além disso, nossa cultura foi estabelecida sob olhar masculino do sexo e não ensinou as mulheres que o prazer também lhes pertence. Basta ver como a masturbação masculina é vista como “natural”, enquanto a feminina ainda é tabu.

 

Muitas vezes o orgasmo feminino é descrito como misterioso e até lúdico. Qual seria uma maneira mais precisa de entender o prazer feminino?

Essa ideia mística do orgasmo feminino é muito frequente na mídia, mas não acredito que seja a forma ideal.

O orgasmo feminino é real e, diferente do masculino, requer uma aprendizagem. Uma maneira mais fácil de entender é: como andar de bicicleta. Assim que o corpo aprende os movimentos e o equilíbrio necessários, o percurso fica mais fácil.

A medida que as mulheres reconhecem o que lhes dá prazer, o orgasmo se torna cada vez mais possível.

O orgasmo feminino tende a ser descrito em termos confusos, como “indescritível”, “nebuloso” e “misterioso” porque as mulheres não são incentivadas a explorar o que realmente é bom. Mas se fossem encorajadas a se divertir e a explorar seus corpos de maneira sincera, sozinhas ou com seus parceiros, provavelmente descobririam que existe um mundo de sensações à sua disposição.

 

O que as mulheres deveriam buscar numa relação sexual?

Muitas mulheres reclamam dos significados que o sexo adquire em suas vidas. Mais do que o encontro entre dois corpos, uma maneira de relaxar ou de se sentir bem, para elas, o sexo pode abrir portas para o autoconhecimento.

Cada mulher deve estabelecer seus próprios objetivos, no entanto, acredito que elas podem se guiar pela sensação de plenitude.

 

Como uma mulher pode recuperar o controle de sua vida sexual?

A primeira coisa a fazer seria parar de absorver o conhecimento não validado [não científico]. Existe uma grande quantidade de informações falsas por aí, desde profissionais que garantem orgasmos mais intensos através de procedimentos, até cursos online sobre ejaculação feminina – todos falsos.

A segunda coisa é conhecer o próprio corpo. Nada pode ser mais empoderador do que saber o que, quando e como seu corpo reage.

Posteriormente, saber como comunicar essas informações ao parceiro é um elemento chave. Nesse quesito, ter uma conversa honesta e leve sobre o assunto pode ajudar. Uma boa dica é apostar na terapia sexual para saber como abrir um diálogo.

 

O que é terapia sexual?

A terapia sexual facilita o autoconhecimento da mulher, desde reconhecer seu próprio prazer, conforto, limites e a capacidade de articular o “não”. Por exemplo, “Não, não quero que você me toque aqui” e “Não quero que você me olhe aqui”. Isso ajuda as mulheres a entenderem por que se sentem assim – e chegam a um ponto em que podem dizer “sim”.

Diferente de outras formas de tratamento, a terapia sexual busca ser breve e com foco no problema sexual, de forma clara e objetiva. O Terapeuta Sexual combina exercícios sexuais para estimular o autoconhecimento e o erotismo entre o casal, com uma psicoterapia breve para trabalhar dificuldades emocionais e comportamentais. É possível a associação com outras formas de terapia, dependendo da experiência do profissional.

A importância da terapia vai além do prazer sexual e atinge as camadas mais íntimas do relacionamento.

Para as mulheres heterossexuais, o que os parceiros podem fazer para ajudar?

Os homens podem – e devem – ajudar suas parceiras a se envolverem plenamente com seus desejos e sensações.

Eles podem fazer isso ouvindo suas queixas e desejos sem julgamentos, criando uma atmosfera erótica na qual as necessidades de ambos têm igual importância e incentivando experiências que vão além do sexo “regular”.

Muitos podem pensar que isso torna o relacionamento chato para os homens, mas na verdade os estimula a crescer e a aproveitar ainda mais a experiência sexual.

Assim como a sociedade tende a complicar demais a sexualidade feminina, simplificamos demais a masculina, e eles também se beneficiam dessa mudança de dinâmica.

 

Encontrando um terapeuta sexual

Doutor Max é atualmente Médico no Hospital da Unimed e Hospital das Clínicas da UFMG, na Especialidade de Urologia.

É Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TiSBU), além de ser filiado a Sociedade Latino-americana de Medicina Sexual (SLAMS) e a Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH).

Procure saber mais sobre Terapia Sexual e aconselhamento para o casal pelo telefone: (31) 3097-1308

Para ter acesso a mais conteúdos sobre Sexologia e Urologia, acompanhe nas redes sociais: @doutormax

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