Complexidade do clitóris
Muito mais do que prazer: conheça a complexidade do clitóris!
Além do orgasmo, esse órgão também pode ser importante para a fertilidade feminina
Pesquisas recentes descobriram que o clitóris tem um papel importante para a fertilidade feminina, com função muito maior do que “apenas” o prazer sexual.
Os resultados foram baseados numa revisão controversa do cientista britânico Dr. Roy Levin, publicado na revista Clinical Anatomy. Em sua teoria, o clitóris é igualmente importante tanto para a reprodução, quanto para o prazer sexual.
Obviamente, essa fala é controversa. Enquanto muitos pesquisadores dizem não ser biologicamente possível, Levin cita a ausência de pesquisas para comprová-la.
Fato é: clitóris é um assunto polêmico há séculos!
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Mas, de onde vêm essa polêmica sobre clitóris?
Muitas são as fontes e os desdobramentos dessa história.
A perspectiva do Dr. Roy Levin é o capítulo mais recente na trama envolvendo a “controversa” existência do clitóris. Ao longo dos séculos, acadêmicos debateram sua função, uma discussão frequentemente dominada por homens.
Nessa época, ignorar o clitóris era praticamente um consenso, inclusive para Andreas Vesalius, conhecido como o “pai da anatomia moderna”. Para ele, o clitóris era uma anomalia corporal que simplesmente não existia em mulheres saudáveis e “normais”.
Na contramão de Vesalius e confirmando a “existência” do órgão, em 1559, Matteo Realdo Colombo, um anatomista da Universidade de Pádua na Itália, descreveu pela primeira vez a anatomia do clitóris:
Mas apesar de reconhecido, o olhar estigmatizado sobre sua função não deixou de existir.
Para se ter uma noção disso, em 1820, o cirurgião inglês e presidente da Sociedade de Medicina Britânica Isaac, Baker Brown, acreditava que o clitóris era uma fonte de “histeria” e epilepsia, e chegou a recomendar sua amputação como forma de tratamento para “loucura feminina”.
Já em 1905, Sigmund Freud considerava o orgasmo do clitóris um sinal da imaturidade psicológica da mulher.
Ou seja, apesar de reconhecido fisicamente, a importância do clitóris permanecia ignorada.
A quantas anda o clitóris hoje em dia?
Hoje, a maioria dos cientistas concorda que a principal função do clitóris é o prazer sexual. Mas, sob a perspectiva de espécie, como chegamos a desenvolver esse órgão e por que precisamos de um?
Em outubro de 2019, pesquisadores propuseram que o orgasmo ocasionado pela estimulação do clitóris tem origens em nosso passado evolutivo, servindo para induzir a ovulação durante a relação sexual.
Outra visão do clitóris argumenta que este órgão permite às mulheres distinguir parceiros sexuais mais vantajosos para o orgasmo.
Uma terceira opinião leva em consideração o fator psicológico de uma relação afetiva, na qual os orgasmos ajudam a criar um vínculo emocional entre os parceiros, preparando-os para a gravidez e a maternidade.
Então, como o clitóris pode ser importante para a fertilidade feminina?
O artigo publicado pelo Dr. Levin, argumenta que a estimulação do clitóris ativa partes do cérebro que levam a múltiplas alterações fisiológicas no trato vaginal. Mais especificamente: estimular o clitóris faz com que uma onda de estímulos vaginais ganhe destaque no cérebro.
Dessa forma, há um aumento do fluxo sanguíneo na região, que por consequência, provoca a dilatação dos lábios vaginais e o aumento da lubrificação vaginal, facilitando a penetração. Nesse momento, as alterações também provocam a expansão vaginal, a diminuição do ph ácido, o aumento da temperatura e do oxigênio vaginal, melhorando a recepção do esperma.
Toda essa sequência de fatores é de grande importância para o sucesso reprodutivo, mas nunca foi especificamente relacionada ao clitóris.
Dessa forma, o órgão teria funções procriativas (reprodutivas) e recreativas (prazer) de igual importância.
Mas isso é fato?
(Sim, esse é o clitóris impresso em 3D!)
Embora não seja incomum que órgãos desempenhem duas funções, como as reprodutivas e prazerosas descritas por Levin, sua argumentação ainda precisa ser mais investigada.
Algumas das mudanças fisiológicas descritas por ele também acontecem sem que o clitóris seja estimulado, como o aumento da lubrificação vaginal durante uma sessão de filme erótico, por exemplo.
Por isso ainda não pode ser considerado um fato e a conclusão permanece indefinida.
No entanto, isso não significa que a teoria de Levin esteja incorreta; apenas requer mais investigação e discussão.
A crítica do autor destaca que a ciência em torno do clitóris tem sido fortemente influenciada pelo contexto cultural – do machismo, crenças religiosas ou da moralidade da época.
Talvez o aspecto mais importante desta revisão seja que ela pode desencadear uma nova vertente na discussão sobre as funções do clitóris, sob um aspecto mais humano e feminino.
Como ter mais prazer?
Apesar de conhecerem sua anatomia, muitas mulheres e seus parceiros ainda não sabem muito bem como estimular e sentir prazer durante as relações sexuais. Numa pesquisa recente realizada no meu perfil do Instagram, sem cunho cientifico, 16% das mulheres disseram nunca ter sentido um orgasmo – algo muito preocupante!
Se você é uma dessas mulheres ou conhece alguém com elas, não deixe de procurar ajuda profissional. Uma excelente opção é a terapia sexual.
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