Vício em sexo

Vício em sexo: A compulsão sexual que traz prejuízos físicos e emocionais

Saiba como identificar vício em sexo e como tratar

Como sociedade, aceitamos a existência de vícios a substâncias como a nicotina, o álcool e outras drogas – e os danos que seu uso podem causar. Mas quando se trata de sexo, alguns especialistas ainda discordam se o vício é real ou se trata de apenas um mito.

No entanto, a compulsão sexual, definida por muitos como ninfomania, é um transtorno psiquiátrico do impulso em que o indivíduo tem pensamentos e atos obsessivos envolvendo o sexo.

Esse transtorno está intimamente relacionado à ansiedade e, não raro, a outros transtornos obsessivos compulsivos. Quem sofre desse problema tem dificuldade de pensar e se concentrar em coisas que não estejam relacionadas ao sexo. Além disso, outra característica do compulsivo é agir por impulso, sem premeditar.

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Diagnóstico de vício em sexo

O vício em sexo não é atualmente um diagnóstico clínico, o que não nos permite ter dados oficiais sobre quantas pessoas buscaram ajuda para problemas do gênero.

Porém, pela primeira vez, o comportamento sexual compulsivo – popularmente chamado de vício em sexo – foi classificado como um distúrbio de saúde mental. A nova versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o transtorno como um “padrão persistente de falha em controlar impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos sexuais repetitivos”.

Isso significa que a desordem não está relacionada a quantidade de parceiros ou quanto sexo se faz, mas com um comportamento sexual que se torna o foco da vida da pessoa, levando o indivíduo a negligenciar a saúde, os cuidados pessoais, as atividades e outros interesses, assim como ignorar responsabilidades. Muitas pessoas que sofrem com o distúrbio querem resistir à necessidade constante de sexo, mas não conseguem. Às vezes, elas nem sequer sentem prazer com a atividade sexual repetida.

O grande problema dessa condição é o fato de que o sexo envolve prazer. Nesse sentido, a compulsão não incomoda e, a princípio, não parece fazer mal. Por isso é bastante comum que o compulsivo sexual conviva com esse transtorno por muitos anos, antes de perceber que se trata de um problema sério.

Como o próprio compulsivo tem dificuldade de perceber que sofre de um transtorno do impulso, geralmente os primeiros que notam os sintomas são os familiares, amigos e colegas de trabalho. A pessoa começa a apresentar modificações relevantes no comportamento: vai constantemente ao banheiro para se masturbar, deixa de conviver com outros indivíduos nas horas livres, entre outros comportamentos irregulares.

 

Comportamento compulsivo sexual

Mas todos buscamos o prazer, então o que separa o comportamento regular considerado “normal” daqueles que buscam as recompensas do vício?

Acredita-se que um comportamento se torna um vício quando atinge um nível de intensidade que passa a causar danos ao indivíduo e àqueles ao seu redor, como vícios alimentares e em jogos de azar.

É amplamente aceito que os comportamentos sexuais podem viciar, mas para as pessoas que lutam com o sentimento de descontrole, o sexo em si é secundário, e pode surgir de problemas subjacentes – seja depressão, ansiedade ou trauma.

Segundo pesquisas atualizadas, a compulsão sexual, em 95% das vezes, se manifesta em homens e, geralmente, a partir dos 30 anos. A própria sociedade endossa esse comportamento ao considerar viril o homem que se dedica tanto ao sexo. Já em relação às mulheres, esse tipo de atitude não é bem aceita.

 

Desejo e compulsão sexual

É importante distinguir o desejo sexual da compulsão: o compulsivo não tem controle sobre o que lhe passa pelo espaço mental, não controla os pensamentos. Os desejos surgem impulsivamente e o paciente dá vazão aos desejos sem questionar se são adequados socialmente ou individualmente.

Já uma pessoa com hipersexualidade, se organiza para obter prazer e não prejudica sua vida profissional e social. A compulsão sexual é vista como um distúrbio no metabolismo e neurotransmissores que provoca a desregulação da atividade sexual. A estimativa é que de 2% a 6% da população mundial sofra compulsão sexual. A maioria ainda é masculina, mas aparecem cada vez mais casos de mulheres.

Famosos como os atores Michael Douglas e David Duchovny, o cantor Latino e o jogador de golf Tiger Woods já admitiram sofrer compulsão por sexo. A patologia costuma surgir na juventude, atinge o auge na vida adulta e tende a ter os sintomas suavizados quando o indivíduo envelhece.

 

Tratamento para o vício em sexo

O compulsivo sexual não consegue ter controle sobre sua sexualidade, fazendo com que outras atividades e relacionamentos interpessoais fiquem prejudicados.

Quem sofre de compulsão por sexo tem seus pensamentos tomados por desejos eróticos a todo momento e a busca desfreada por satisfazer os impulsos sexuais expõe o indivíduo a diversos riscos. No ambiente de trabalho o descontrole pode levar à demissão. Com a constante troca de parceiros sexuais, o paciente fica suscetível a contrair doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

Uma pessoa que não consegue ter uma vida normal devido seus impulsos sexuais necessita fazer um tratamento adequado para que possa ter uma vida sexual saudável.

A compulsão por sexo não tem cura, mas, sim, controle. O uso de antidepressivos e neurolépticos é comum no Programa de Sexualidade do Hospital das Clínicas, já que os medicamentos possuem componentes que diminuem a libido. Em paralelo, deve ser feita psicoterapia, para promover a reestruturação psicológica das ideias relacionadas ao sexo no indivíduo.

É muito importante que o tratamento envolva uma abordagem multidisciplinar, consistindo em terapias individuais e em grupo, abstinência e ajuda psicológica mútua.

Doutor Max é atualmente Médico no Hospital da Unimed e Hospital das Clínicas da UFMG, na Especialidade de Urologia.

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