Como funciona o desejo sexual feminino?

O que você precisa saber sobre o desejo feminino:

Veja por que o desejo sexual feminino é tão complexo

Quando falamos sobre desejo sexual e principalmente sobre os hormônios sexuais, vemos em destaque o papel da testosterona para o organismo masculino e feminino. Como expliquei no artigo Como a pílula anticoncepcional afeta o desejo feminino, na mulher, a redução do hormônio da testosterona pode resultar na diminuição da libido além de tornar a vagina e o clitóris menos sensíveis aos estímulos.

Diante disso, empresas farmacêuticas têm pressionado para desenvolver uma “cura” para o desejo sexual hipoativo feminino, concentrando-se em cremes e adesivos à base de testosterona.

Mas será que o desejo feminino depende apenas da concentração de hormônios? A resposta pode ser surpreendente!

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Então, por que ainda não temos o “Viagra feminino”?

Porque problemas envolvendo o desejo sexual feminino ainda não são minuciosamente conhecidos pela ciência, e isso se deve a sua complexidade.

Um dos grandes desafios para os pesquisadores é que o desejo feminino envolve muito mais do que os limites fisiológicos do corpo, não podendo ser medido apenas por amostras hormonais ou exames de imagem.

Para as mulheres, a estimulação do clitóris por si só não causa excitação sexual, é preciso também haver envolvimento psicológico.  Essa questão ficou evidente em inúmeras pesquisas em que as participantes demonstraram reação física a uma ampla variedade de estímulos sexuais, mas não relataram sentir desejo.

Por esse motivo, a Dra. Lori Brotto – psicóloga dedicada a entender melhor o desejo sexual feminino – procura olhar além dos aspectos físicos quando se trata de definir desejo e excitação.

“É uma construção complexa de difícil definição “, diz ela, “e é percebida de maneira diferente por mulheres diferentes. Em geral, a estimulação física pode servir como uma motivação para o desejo sexual. ”

Como descrito por estudiosos como Stambaugh e Brotto, usar os sinais físicos da excitação genital como um meio de definir o desejo pode ser problemático, porque o físico e o subjetivo nem sempre se combinam. Embora eles possam ter uma conexão ou sofrer a influência um do outro, essa conexão ainda está sendo explorada por pesquisadores.

 

Resposta sexual x desejo sexual

A equipe de pesquisa liderada pela professora e psicóloga clínica Meredith Chivers, no Laboratório de Sexualidade e Gênero em Ontário, Canadá, está trabalhando para entender quais aspectos físicos e emocionais estão associados à experiência do desejo sexual.

Um estudo publicado no Journal of Sex Research em 2004 pela Dra. Stephanie Both e sua equipe de pesquisa holandesa, observou um aumento da atividade sexual durante as 24 horas seguintes aos estímulos sexuais provocados no laboratório. Isso sugere que a exposição a estímulos sexuais e / ou a excitação sexual está associada ao aumento do desejo sexual e pode motivar o comportamento sexual.

A pesquisa que Chivers e sua equipe estão conduzindo amplia este trabalho. Ainda assim, ela é rápida em apontar que, apesar dessas descobertas, não devemos concluir que excitação genital e desejo sexual são iguais.

“Compreender isso é importante”, diz ela, “porque, em alguns casos de agressão sexual, essas evidências físicas podem ser mal interpretadas como consentimento tácito da mulher para a atividade sexual”.

Chivers menciona que algumas mulheres vítimas de agressão sexual relataram ter experimentado sinais físicos de excitação genital durante a agressão, o que gera um intenso sofrimento emocional, pois elas acreditam que seus corpos as traíram.

 

Excitação genital não significa desejo sexual

É preciso reconceituar a excitação genital como uma ação fisiológica natural e independente do desejo sexual, que desempenha uma ação protetora ao lubrificar os órgãos genitais e diminuir a probabilidade de lesões durante o sexo.

Uma resposta fisiológica como essa não é a mesma coisa que querer sexo ou gostar do estímulo. Para saber se uma mulher está sexualmente excitada e com desejo, é preciso perguntar a ela. As ações fisiológicas de seu corpo são irrelevantes dentro de uma conversa sobre consentimento.

 

Mas o que significa “baixo desejo sexual”?

Mas voltando ao assunto do desejo sexual em particular, o que queremos dizer quando falamos sobre “queda” do desejo? O que exatamente faz uma pessoa sentir que seu “nível” de desejo sexual é “baixo” ou “problemático”? O que os faz procurar ajuda nessa área?

Baixo desejo sexual é algo subjetivo.

Esse tipo de problema é geralmente apontado por casais, pois evidencia a falta de sintonia sexual. Um dos parceiros acredita que o desejo sexual do outro diminuiu.

Dessa forma, a quedo do desejo depende mais de um autodiagnostico do que de uma análise clínica, pois além do contraste com o desejo do parceiro, a pessoa pode analisar a diferença entre como era e como está sua resposta sexual.

Mas nem sempre um menor desejo sexual sinaliza para um problema, pode ser apenas uma consequência de uma rotina muito agitada ou de um período estressante. Além das situações do dia a dia, problemas médicos ou de relacionamento também influenciam o comportamento sexual.

Frequentemente, a perda de desejo é uma consequência da ansiedade, da situação financeira, do equilíbrio entre vida pessoal e o trabalho, da relação desigual entre os parceiros, do acúmulo de tarefas domésticas ou de crises familiares.

 

Mitos sobre o desejo feminino

Atualmente, existem vários mitos sobre a queda do desejo sexual em circulação, mitos que são perpetuados pela mídia. Muitas mulheres acreditam que há algo errado com elas se o desejo não surge de forma espontânea, se é preciso se planejar para o sexo.

Outro mito, é que o desejo sexual diminui naturalmente com a idade e que não há necessidade de se preocupar com isso após a menopausa.

Sexo é muito mais que orgasmo e procriação. Apesar de, obviamente, se alterar conforme as diferentes fases da vida, o desejo sexual não evapora após os 50 anos.

Além disso, também é preciso avaliar se a mudança do desejo pós-menopausa é decorrente apenas das alterações hormonais ou se também é resultado das expectativas sociais de que a menopausa não é “sexy”.

 

Então, como a terapia sexual e seus pacientes podem encontrar respostas?

Além da vasta pesquisa sobre o assunto, a terapia sexual pode indicar quais áreas estão com dificuldades: clínica, afetiva, no relacionamento ou pessoal. Além disso, ela pode ser extremamente útil só de desmascarar alguns mitos que impedem o paciente de viver sua sexualidade de forma plena.

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