Tem dificuldade de ereção? Você pode ser infértil
Estudo constata que disfunção erétil está ligada à qualidade do sêmen
De acordo com dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), 15% da população mundial sofre com infertilidade. Parece pouco, não? Até entendermos que este percentual representa aproximadamente 80 milhões de pessoas em todo o mundo – sendo cerca de 30% dos casos de infertilidade originados por fatores masculinos e os outros 20% associados a causas masculinas e femininas combinadas.
Por isso, a avaliação e o tratamento do homem merecem atenção especial em um casal infértil. De acordo com estudo da Universidade de Florença, na Itália, publicado recentemente no jornal Human Reprodution, a disfunção erétil – dificuldade em manter a ereção durante ou não a relação sexual – está, definitivamente, associada à qualidade do sêmen. “Até hoje sabíamos que os homens inférteis tinham um risco maior para disfunção sexual, mas esta foi a primeira vez que um estudo investigou se a dificuldade de ereção masculina poderia realmente ter relação com a qualidade do sêmen”, diz Isaac Yadid, especialista em reprodução humana e médico que participou do projeto do primeiro bebê de proveta do país, há 32 anos.
Para o experimento, realizado no período de setembro de 2010 a novembro do último ano, foram selecionados 448 homens, de 36 a 79 anos, divididos em grupos de acordo com suas características de líquidos seminais. Além deles, outros 74 homens saudáveis foram selecionados, a nível de comparação. Entre os rapazes inférteis, 96 apresentavam ‘azoospermia’, ou ausência total de espermatozoides na ejaculação (Grupo 1). Depois, separaram 245 homens do grupo que apresentavam pelo menos uma anormalidade no esperma (Grupo 2) e 107 que apresentavam ‘normozoospermia’, ou concentração normal de espermatozoides (Grupo 3). Os 74 saudáveis foram considerados como um grupo de controle (Grupo 4).
Após análise de idade dos participantes, observou-se uma maior prevalência de disfunção erétil (18,3% contra 0%) no sexo masculino de casais inférteis, em comparação com os homens férteis. A prevalência de disfunção erétil mostrou-se maior em função da gravidade do comprometimento da qualidade do sêmen.
Todos os três grupos de rapazes com infertilidade mostraram função erétil comprometida – em relação aos 74 considerados saudáveis e férteis. Os homens ‘azoospérmicos’ (com ausência total de espermatozoides na ejaculação) mostraram a pior função erétil, além de saúde em geral com alguma intercorrência. Este mesmo grupo de homens com azoospermia relatou maior prevalência de ejaculação precoce, menor desejo sexual e menor função do orgasmo.
O estudo ressaltou que todos os indivíduos foram submetidos a exame físico, bioquímico, escrotal, de cor peniana, ejaculação precoce, primeira análise de sêmen, traços psicopatológicos, análise de possíveis sintomas de prostatite, trato urinário, entre diversos outros. Entretanto, a pesquisa ressalta que a relação entre disfunção sexual e o grau de deficiência de fertilidade nunca foi investigada.
Ainda assim, com isso, foi possível descobrir que a disfunção erétil aumenta em função da qualidade do sêmen infértil, independentemente do estado físico, bioquímico e parâmetros vasculares. Homens inférteis apresentam maior risco de disfunção sexual e também podem apresentar maior disfunção psicopatológica e de saúde geral. “Tal resultado ajuda a melhorar não só o tratamento de reprodução para esses homens, mas a saúde geral e sexual do paciente”, avalia Isaac.
Ainda de acordo com o médico, de modo geral, o sêmen de qualidade, ou considerado normal, deve ter cor branca e aspecto opaco, a viscosidade pode variar entre normal ou aumentada (sendo que o ideal é que seja considerada “normal”), e o pH do líquido seminal deve ser maior ou igual a 7,2. Dentro dos padrões ideias, o homem deve ter um volume total de ejaculação maior ou igual a 1,5 ml, com tempo de liquefação, ou seja, o tempo que essa amostra de sêmen leva para se tornar líquida, de até 60 minutos. Em relação à concentração ideal de espermatozoides no sêmen, deve ser maior ou igual a 15 milhões por ml.
Tratamentos
Mas nem tudo está perdido. Em casos de constatação de infertilidade, hoje já há diversas técnicas e tratamentos: hormonal, de fertilização in vitro, ou até de injeção intracitoplasmática de esperma (em que coleta-se o sêmen e injeta, por meio de injeção, dentro do óvulo). Outra técnica conhecida também é a micro TESE: procedimento considerado invasivo, pois procura-se esperma dentro do testículo, por meio de microscópio. Detectado onde há formação do esperma, ele é “pescado” e depois injetado no óvulo. Mas somente o médico avaliará qual a melhor recomendação para cada paciente.