A gonorreia pode se tornar resistente a todos os antibióticos

Segundo um relatório divulgado em julho deste ano pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a gonorreia pode, em breve, se tornar intratável. Por mais assustadora e alarmista que a notícia pareça, ela é real.

A revista Scientific American publicou na última semana uma matéria ressaltando os pontos mais preocupantes do relatório do CDC. Entre eles, o fato de que a Neisseria gonorrhoeae – bactéria causadora doença – está desenvolvendo resistência aos únicos dois antibióticos realmente capazes de curar a DST. As drogas azitromicina e ceftriaxona são usadas, juntas, para tratar a gonorreia. Porém, um programa nacional de vigilância apresentou um aumento na porcentagem de amostras de gonorreia resistentes aos medicamentos em 2014. No caso da azitromicina, por exemplo, houve um aumento de quatro vezes nessa porcentagem.

Apesar de modestas, as taxas preocupam os cientistas: “Elas são relativamente baixas. A taxa de aumento das amostras resistentes à azitromicina, por exemplo, foi de 2.5%. Mas isso mostra que a bactéria está desenvolvendo resistência aos antibióticos”, alertou o Dr. Robert Kirkcaldy, autor do relatório. “O potencial da gonorreia se tornar intratável é uma possibilidade futura bem real”, completou.

A gonorreia é uma doença bem comum. Em 2014, mais de 350.000 pessoas foram infectadas pela bactéria nos Estados Unidos. Quem sofre da doença manifesta sintomas como dor e queimação nas regiões afetadas, como o útero, anus, garganta, boca ou pênis.

Se não for tratada, ela pode causar infertilidade, dor pélvica crônica nas mulheres e testicular nos homens. A bactéria também pode entrar na corrente sanguínea, infectar as articulações e, em casos mais raros, chegar ao coração – o que pode ser fatal. Uma mulher grávida infectada também pode infectar o bebê durante o nascimento e, então, a criança pode desenvolver uma infecção ocular que pode ameaçar a visão.

Para Kirkcaldy, uma das razões pelas quais a gonorreia é tão difícil de ser tratada é o fato de que, quando ela adquire resistência a uma droga, o quadro pode ser irreversível. A combinação das drogas azitromicina e ceftriaxona passou a ser utilizada justamente para evitar a resistência da bactéria, afinal, a probabilidade dela ser imune às duas drogas é muito baixa. Ou, pelo menos, era.

Kirkcaldy, porém, não acha que este é o momento para especular quão rápida a bactéria pode desenvolver a resistência total aos medicamentos utilizados até então: “é muito difícil prever esse tipo de coisa”, afirma.

Algumas empresas estão trabalhando no desenvolvimento de novos antibióticos, porém, esse processo pode levar anos. Enquanto isso, a sugestão dos especialistas é que as pessoas levem a doença a sério. O tratamento, até hoje, pode ser relativamente simples, mas a resistência, para Kirkcaldy, é uma questão de tempo. Por isso: use camisinha durante o sexo oral.

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