Jovem aborda tabu de viver sem desejo sexual: ‘Não acho que eu esteja perdendo alguma coisa’

Robin tem 23 anos, é virgem, diz que não tem desejo sexual por nenhuma outra pessoa e que nunca beijou ninguém. “Eu não tenho nenhum desejo sexual por ninguém. Eu nunca fiquei excitado fisicamente ou mentalmente por outro ser humano… E eu não acredito que eu esteja perdendo alguma coisa”, disse ele, em entrevista à rádio 5 da BBC.

“Eu nunca me apaixonei. Eu amo minha família e eu sei como esse sentimento é”. Essa é a assexualidade, que significa não sentir atração sexual. É uma orientação sexual e não uma opção como o celibato. “Eu me classifico como arromântico e assexuado, o que significa que eu nunca tive interesse em ter envolvimento emocional com alguém. Eu nunca senti isso por alguém. Pode acontecer algum dia, eu não descarto isso”.

A comunidade de assexuais tem crescido nos últimos 10 anos, com a criação de fóruns e grupos na internet. Mas pesquisas e dados são limitados e é difícil estimar quantas pessoas no mundo se consideram assexuais.

Ainda não se sabe, por exemplo, se a assexualidade é alguma coisa que dura por toda a vida ou apenas por um período. No Reino Unido, estima-se que 1% da população se identifique assim, disse Matt Dawson, professor de Sociologia da Universidade de Glasgow.

Ele integrou um grupo que entrevistou, por dois anos, 50 pessoas assexuais sobre suas experiências. Para muitos, sexo e romance são duas coisas distintas: alguns têm relacionamentos bem próximos, outros têm relacionamentos românticos mas não sexuais.

“De forma alguma se trata de pessoas sem relacionamentos íntimos”, disse ele.

Mas ainda há problemas na aceitação de assexualidade. Um estudo sugeriu que estas pessoas são vistas de forma mais negativa do que aquelas com outras orientações sexuais.

George Norman é ativista assexual e estudante da Universidade de York. Segundo ele, as pessoas “tendem a fazer conclusões” sobre as pessoas assexuais.

“Você tem reações negativas mas, em geral, especialmente entre os mais jovens, é cada vez mais positivo”, disse ele.

“É importante para todo mundo entender que sexo e romance não são necessariamente a mesma coisa. Podem ser coisas distintas”.

Românticos e arromânticos

Tom tem 26 anos e também é virgem. Disse que nunca se apaixonou e acredita que isso provalmente não mudará. Ele não gosta de tocar outras pessoas e considera muitas músicas “demasiadamente românticas”. Cenas de sexo em filmes são uma interrupção desnecessária do roteiro, diz.

“Eu cresci no tradicional ‘você não pode fazer sexo antes do casamento'”, disse ele.

Só aos 22 anos que ele descobriu sua assexualidade. “Minha família não entende e eles não querem falar sobre isso, mas alguns dos meus amigos sabem”.

“Um gay só precisa mencionar o namorado e ficará óbvio que eles são gays. É mais difícil se você é assexual”. “Às vezes eu fico triste – é pior quando eu estou doente e em casa sozinho, seria legal ter alguém”. Assim como Robin, Tom também se considera um “assexuado arromântico”.

O sociólogo Mark Carrigan, da Universidade de Warwick, diz que há uma diferença entre assexuados arromânticos e românticos. “Os arromânticos não têm qualquer atração romântica, então, em muitos casos, eles não querem ser tocados, não querem nenhuma intimidade física”, disse.

“Os românticos não têm atração sexual, mas têm atração romântica. Então, eles olham para alguém e não respondem sexualmente, mas querem chegar perto, descobrir um pouco mais, compartilhar coisas”.

Mas Robin rebate aqueles que acreditam que ele mudaria se pudesse: “Não gostaria que fosse diferente”.