O que todo mundo quer saber sobre sexo e tem vergonha de perguntar
É normal não saber tudo sobre sexo ou ficar preocupada com alguma situação que role antes, durante ou depois da relação. Melhor do que buscar respostas imprecisas na internet, é recorrer a um especialista no assunto. A seguir, ginecologistas contam as questões que mais escutam no consultório e respondem às dúvidas.
1. POR QUE NÃO TENHO VONTADE DE FAZER SEXO?
Diferentes razões podem levar à diminuição do desejo sexual: questões hormonais, efeito de alguns medicamentos, estresse e até problemas no relacionamento. A ginecologista e obstetra Ana Lúcia Letti Müller comenta que as causas para diminuição da libido variam de acordo com a idade da paciente. Principalmente após a menopausa, o primeiro passo é avaliar a questão hormonal. Já entre as mais jovens, os motivos variam mais, podendo ser desde alguma infecção local até problemas psicológicos. Para a médica, dependendo do caso, é importante indicar um sexólogo para uma avaliação mais especializada. O ginecologista e professor de Ginecologia da PUCRS Marcelino Poli também destaca a relação entre o desejo e o estado emocional da pessoa: ele explica que, muitas vezes, conflitos psicológicos podem repercutir no sexo.
2. TEM UM REMÉDIO PARA AUMENTAR O MEU DESEJO?
Os ginecologistas explicam que não há um remédio mágico para solucionar o problema. Alguns médicos receitam pequenas quantidades de testosterona por meio de injeções, pílulas, gel ou adesivo para influenciar no desejo, mas Marcelino afirma que a eficácia do uso deste hormônio masculino ainda não foi comprovada de forma consistente por pesquisas acadêmicas.
3. GRÁVIDAS PODEM TRANSAR NORMALMENTE?
Não há nenhuma contraindicação para as gestantes fazerem sexo, seja no início ou no fim da gravidez. As exceções são quando a mulher tem gestação de risco, com ameaça de aborto, algum sangramento ou ocorrência de placenta baixa, por exemplo. Mas estes são casos isolados. – Sexo durante a gravidez não machuca o bebê. Essa é uma dúvida de muitos homens, principalmente. Não desencadeia trabalho de parto prematuro e não causa abortamento – explica o ginecologista e obstetra Valentino Magno, professor de Ginecologia na UFRGS.
O médico, inclusive, diz que transar traz benefícios para a gestante, como relaxamento e fortalecimento da musculatura da pelve. No entanto, os hormônios não conspiram a favor: é normal uma queda de desejo nesta fase. Raras são as que relatam um aumento da libido.
Já a abstinência da chamada “quarentena” está relacionada ao processo de cicatrização pós-parto, seja por conta da cesariana ou de eventual episiotomia (incisão na área do períneo) no parto natural. Três a quatro semanas são o tempo de recuperação nestes casos.
— A questão da amamentação também influencia, pois a prolactina, o hormônio do leite humano, baixa a libido. O casal precisa entender que isso é natural, mas depois tudo volta ao normal — conclui Magno.
4. QUAL O MELHOR MÉTODO ANTICONCEPCIONAL PARA MIM?
A resposta a essa questão é uma outra pergunta: “que tipo de contraceptivo você gostaria de usar?”. O critério número 1 é a escolha da paciente, explica Marcelino Poli. A partir disso, o ginecologista vai detalhar as opções e avaliar se o método decidido é indicado ou não. Entre as escolhas mais comuns podem estar os anticoncepcionais orais (pílula), dispositivo intrauterino (DIU), injeções hormonais e implante anticoncepcional.
— Antes de chegar à decisão final, o médico avalia se não há condição clínica da paciente que contraindique o uso do método — diz.
5. A PÍLULA ANTICONCEPCIONAL PODE ATRAPALHAR A LIBIDO?
As reações são variadas: a libido de algumas mulheres melhora, a de outras, piora, mas, na maioria das vezes, nada muda.
6. É NORMAL SENTIR DOR DURANTE A PENETRAÇÃO?
Em boa parte dos casos, dor durante a relação sexual não indica algo grave, mas falta de lubrificação e de excitação. Para quem já entrou na menopausa, pode estar relacionada à atrofia genital que ocorre pela redução na produção de estrogênio pelos ovários – o que pode ser resolvido por um tratamento local, com cremes vaginais contendo o hormônio feminino. A causa também pode ser emocional, relacionada à tensão durante a relação, o que pode levar à contração muscular vaginal na penetração.
— Algumas pacientes, principalmente as mais jovens, se queixam que, quando o relacionamento não está legal, ficam tensas e, por isso, têm dor — esclarece Ana Lúcia.
Segundo a ginecologista e professora de Ginecologia da UFRGS Maria Celeste Osorio Wender, a dor pode ser normal se ocorrer em apenas uma determinada posição durante a relação. Mas, se for constante, é necessário consultar um médico, pois pode estar relacionada a infecções pélvicas ou a condições como a endometriose (doença é caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o interior do útero).
7. É NORMAL OCORRER SANGRAMENTO APÓS A RELAÇÃO?
O sangramento é um alerta para uma lesão no colo do útero. O comum é que seja uma ectopia, uma ferida benigna no colo do útero, que pode ser fechada com cauterização. Mais raramente, pode ser caso de câncer, mas é importante descartar essa possibilidade.
8. O SEXO MUDA DEPOIS DA MENOPAUSA?
A menopausa encerra os ciclos menstruais e ovulatórios das mulheres porque os ovários, envelhecidos, param de produzir os hormônios sexuais.
— Durante a menopausa, ocorre ressecamento vaginal pela falta de hormônio, o que diminui a lubrificação — explica Maria Celeste. As alternativas, além da reposição hormonal, são usar lubrificantes ou cremes vaginais com hormônios.