Influência dos medicamentos sobre o desejo sexual

A influência da medicação sobre o desejo sexual

Os dilemas de estar saudável: ter saúde é ter qualidade de vida, e a atividade sexual é parte importante do processo.

Doutor Max responde, sentado na cadeira e lendo um livro sobre sexo, sobre a influência dos medicamentos sobre o desejo sexual

Ter uma vida sexual saudável faz parte da qualidade de vida e está descrita pela OMS como um direito humano. De tal modo, é complexo pensar que a necessidade de se fazer uso de determinados medicamentos para que se restabeleça a saúde possa ao mesmo tempo comprometer a qualidade de uma vida sexual ativa e saudável, e, portanto, a qualidade de vida em geral.

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Compreendendo o desejo sexual

Casal deitado na cama

A falta de desejo sexual pode afetar os homens tanto quanto as mulheres, mas eles costumam ter mais dificuldades para encarar o tema. “A mulher é mais livre para admitir um problema na área sem que isso signifique um demérito, mas o homem costuma fazer confusão entre impulso sexual e virilidade”, explica a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, presidente da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e coordenadora do Programa de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A ausência da vontade de fazer sexo pode ter causas físicas e emocionais. Para todos os casos, existe tratamento e é possível restaurar a libido.

Além disso, costuma-se associar desejo sexual à excitação sexual, confundindo-os, o que acaba por confundir possibilidades de vivências sexuais, pois as interações medicamentosas muitas vezes atingem questões de ordem biofísica e, como tendemos a delimitar a vivência sexual ao corpo, tendemos da mesma forma a criar bloqueios emocionais e distúrbios psíquicos relacionados ao sexo, por acreditarmos que a limitação de aspectos físicos leva necessariamente à limitação da prática sexual.

É comum no dia a dia fazer uso de medicações de uso contínuo, como reguladores de pressão e contraceptivos. Mas, como todo remédio, os efeitos colaterais também são comuns. E, para alguns, eles se manifestam no apetite sexual.

 

Medicamentos que podem afetar o desejo

Jovem casal deitado de bruços na cama, com o lençol sobre o corpo, com aspecto triste

  • Anticoncepcionais

Os hormônios presentes nesses medicamentos servem para inibir a ovulação. Ora, se é sabido que no momento da ovulação as mulheres geralmente atingem o ápice da libido, consequentemente, ao bloquear a ovulação tende-se a bloquear ou ao menos diminuir também o desejo.

De acordo com pesquisadoras da USP de Ribeirão Preto, em artigo de junho de 2008, “Os anticoncepcionais, em particular os de baixa concentração de estrogênios, podem causar diminuição da lubrificação vaginal e alterações no trofismo da parede vaginal, levando à dispareunia [dor durante o ato sexual], com repercussões negativas na fase da excitação genital” (observa-se, vale sublinhar, questões relacionadas às genitais, que levam em conta a dificultação de penetração).

 

  • Antidepressivos e psicotrópicos

Embora haja consenso de que muitos pacientes que utilizam esse tipo de medicamento podem apresentar queixas relativas à baixa libido, é preciso lembrar que de modo geral é uma queixa que se apresenta antes mesmo do uso dos mesmos, uma vez que em boa parte dos casos, salvo em quadros em que se apresenta picos de euforia, as patologias tratadas apresentam em seu quadro geral de queixas a própria ausência de libido.

 

Medicamentos que influenciam na disfunção erétil

Variadas cartelas de medicamentos

O professor de farmacologia da Universidade de Bordaux, Bernard Bégaud, em publicação de 2011, observa que a parte psicológica não pode ser desprezada. Para tanto, cita o exemplo de um homem de meia idade independente, que sofre um infarte e tem uma brusca mudança na sua condição de vida. Ou seja, nesse caso, a disfunção erétil não pode ser necessariamente atribuída apenas ao uso de medicamentos.

Na mesma publicação, há uma lista de medicamentos que estão correlacionados à disfunção erétil, os da esfera cardiovascular, como anti-hipertensivos, diuréticos e betabloqueadores; bem como os relativos ao tratamento de câncer de próstata.

 

Seria necessário escolher entre saúde física e saúde sexual?

Grupo de pessoas praticando corrida ao ar livre, próximo a água.

Uma questão excludente como esta pode gerar sofrimento, já que ambas são fundamentais a uma boa qualidade de vida. É preciso então pensar a questão de maneira mais ampla.

Se considerarmos que a Organização Mundial de Saúde entende a saúde sexual como “um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade.” (2015), veremos que a saúde física diz respeito a um quarto da questão como um todo.

Como toda patologia/saúde é multifacetada, a questão sexual também é. Seria muito complicado pensar que o uso de um medicamento necessário também à manutenção da qualidade de vida excluiria necessariamente outro aspecto fundamental a essa qualidade, como é a atividade sexual.

Precisamos, então, compreender que uma vida sexual ativa não precisa se restringir às questões biológicas, do corpo físico, mais precisamente, dos órgãos genitais – embora inegavelmente faça parte delas. Sexualidade é um conceito mais amplo e desejo sexual é algo que vai além de mera excitação. Há outras práticas possíveis, mas tão somente viáveis a partir de quando se permita conceber uma vida sexual que vá além dos órgãos genitais.

 

Acredito que tenho Disfunção Erétil, o que devo fazer?

Inicialmente, é preciso procurar um profissional de confiança especializado no assunto, que esteja apto a determinar as origens e esclarecer os tratamentos da melhor maneira possível.

Para o paciente que está em sofrimento por conta dos problemas de ereção, é importante recomendar calma e esclarecer que muito pode ser feito para solucionar a situação.

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